Ampliação da faixa de isenção do IR pode beneficiar 42 mil contribuintes no Acre, mas preocupa arrecadação estadual

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Tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que propõe ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), atualmente limitada a R$ 2.259,20. Caso seja aprovado ainda este ano, a nova faixa de isenção passará a abranger contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil.

Levantamento divulgado pelo governo federal na última quinta-feira, 10, aponta que aproximadamente 42 mil pessoas no Acre seriam beneficiadas pela mudança. Segundo dados da Receita Federal de 2023, cerca de 27 mil acreanos com renda até R$ 5 mil ficariam totalmente isentos, enquanto um grupo estimado em 15 mil, com rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, teria descontos progressivos no imposto.

Embora a proposta alivie o bolso dos contribuintes, ela representa um impacto significativo para a arrecadação estadual. O secretário de Estado da Fazenda do Acre, Amarísio Freitas, afirma que a medida poderá resultar em perda de receita superior a R$ 6,6 milhões apenas em 2026, o que pode comprometer o orçamento público e afetar a prestação de serviços essenciais.

“Essa renúncia fiscal compromete a arrecadação do Estado, o que pode impactar diretamente na manutenção da qualidade dos serviços públicos oferecidos à população acreana”, explica o secretário.

Freitas destaca ainda que 18 mil servidores públicos estão entre os que seriam diretamente beneficiados com a ampliação da isenção. A Secretaria da Fazenda já iniciou análises técnicas para medir os efeitos da proposta com base na folha de pagamento de dezembro de 2024.

No âmbito nacional, a discussão também avança. “No Conselho Fiscal do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda (Comsefaz), já discutimos a necessidade de uma compensação aos estados, uma vez que o impacto da medida representa uma renúncia fiscal de R$ 25,84 bilhões em todo o país”, pontua Freitas.

Como funcionará a nova tabela do IR

A proposta prevê isenção total para quem recebe até R$ 5 mil por mês. Para rendas superiores, haverá descontos progressivos:

  • Até R$ 5 mil: isento

  • R$ 5.500: 75% de desconto no imposto

  • R$ 6.000: 50% de desconto

  • R$ 6.500: 25% de desconto

  • Acima de R$ 7 mil: sem desconto adicional

Tributação para altas rendas

Para compensar a ampliação da isenção, o projeto prevê uma tributação mínima sobre altas rendas, que atingirá cerca de 141,4 mil contribuintes — aproximadamente 0,13% do total.

A medida alcança pessoas que recebem mais de R$ 600 mil por ano em dividendos, atualmente isentos ou tributados com alíquotas efetivas muito baixas. A tributação ocorrerá de forma progressiva, com alíquotas de até 10% para quem recebe R$ 1,2 milhão anuais.

Exemplos:

  • Renda de R$ 600 mil/ano: sem imposto mínimo adicional

  • R$ 750 mil: 2,5% de alíquota (R$ 18.750)

  • R$ 900 mil: 5% (R$ 45 mil)

  • R$ 1,05 milhão: 7,5% (R$ 78.750)

  • R$ 1,2 milhão: 10% (R$ 120 mil)

Esse cálculo considera o imposto já pago. Ou seja, se o contribuinte já tiver recolhido parte do tributo, pagará apenas a diferença até atingir a alíquota mínima prevista.

O que fica de fora?

Alguns rendimentos serão excluídos da base de cálculo da tributação mínima, como:

  • Poupança

  • Títulos isentos

  • Heranças

  • Venda de bens

  • Pensões e aposentadorias por moléstia grave

  • Indenizações

Próximos passos

O projeto está em tramitação nas comissões do Congresso Nacional desde 18 de março e ainda não tem data definida para votação em plenário. Governadores e secretários de Fazenda de todo o país acompanham de perto os desdobramentos da proposta, atentos aos possíveis impactos nas finanças públicas.

Redação Semear Notícias. 

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