Mulheres que Inspiram: A Força Feminina na Segurança Pública do Acre

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Pela primeira vez em 108 anos, a Polícia Militar do Acre (PMAC) é comandada por uma mulher. A coronel Marta Renata Freitas assumiu o cargo, marcando um momento histórico de representatividade e quebra de paradigmas. A entrega da espada de Plácido de Castro, símbolo da confiança do governador no novo comandante, reforça a importância desse feito. O governador Gladson Cameli, ao nomeá-la, demonstra seu compromisso com a inclusão feminina em posições de liderança.

A coronel ingressou na PM em 2005 e construiu uma trajetória sólida na Segurança Pública, sempre enfatizando a atuação preventiva e comunitária da polícia. Além da experiência prática, é mestranda em Direitos Humanos com foco em Segurança Pública na Universidade Federal de Goiás (UFG). Já ocupava o cargo de subcomandante da PM, sendo a primeira mulher a fazê-lo, e teve papel fundamental na elaboração do planejamento estratégico da corporação até 2030.

Em sua gestão, Marta Renata pretende dar continuidade às metas traçadas, priorizando o fortalecimento da polícia comunitária e o bem-estar dos agentes. Ela destaca a importância do planejamento coletivo da PM e reforça seu compromisso em manter e aprimorar as estratégias já debatidas e implementadas.

Um pouco sobre Marta Renata e “Degrau por degrau dentro da Instituição”

Formada em Letras, Marta Renata é pós-graduada em Ensino da Língua Portuguesa e também se formou em Direito. Antes de ingressar na PM, foi professora substituta da Universidade Federal do Acre (Ufac) e da Prefeitura de Rio Branco. Ela estudava Direito quando resolveu fazer o concurso para a PM. Chamada em 2005, ela ficou no curso de formação até 2007, quando foi declarada aspirante.

“Concluí o curso de formação sendo a 2ª da turma e fui trabalhar como aspirante no quinto batalhão, que era no Tancredo Neves. Passei o período de aspirantado lá, que era seis meses, até que fui nomeada tenente e passei a integrar o comando metropolitano, que cuidava de Rio Branco, Bujari, Porto Acre e todas essas cidades do entorno”, relembra.

Após cumprir um período no setor, ela assumiu a assessoria na Secretaria de Segurança Pública, onde coordenou projetos da Polícia Comunitária, tendo como foco, por dois anos, um programa que incluía música, família e comunidade, inclusive que funcionava em algumas escolas do estado.

“Lembro bem da escola Berta Vieira, que passava por um momento muito complicado em virtude do assassinato de um aluno dentro do colégio. Então, concentramos muitas atividades lá”, rememora.

Já em 2010, ela foi destacada para a Baixada, que na época era o terceiro batalhão. Lá, na época como tenente, ela cuidava da parte de alterações de policiais. Segundo a linha cronológica da sua atuação, ela assumiu a coordenação administrativa e operacional do batalhão, onde ficou até o início de 2013.

Esses três anos que ficou na área da Baixada foi determinante para ela reconhecer a importância da ligação entre a comunidade e a PM. Toda essa bagagem a fez reacender um sentimento despertado ainda no curso de formação, que era aproximar as forças de segurança da população, com o objetivo de reduzir os índices de violência.

“Cheguei a fazer um curso internacional de Polícia Comunitária, aplicado pela Polícia do Japão, que ocorreu em São Paulo. Esse incentivo de trabalhar com a comunidade nasceu e se fortaleceu dentro da polícia mesmo, principalmente quando estive no terceiro batalhão, onde a gente desenvolveu bastante esse relacionamento com a comunidade da Baixada”, reflete.

Após esse período de atuação, ainda em 2013, ela foi convidada a assumir a assessoria de comunicação da PM devido à facilidade que tinha em fazer o intermédio entre a corporação e a imprensa. Etapa essa que a habilitou também como mestre de cerimônias.

No ano seguinte, ela, que era capitã, precisou ir para a Paraíba, onde fez o curso de aperfeiçoamento exigido para se tornar, então, major. Foram oito meses até retornar para Rio Branco, quando foi designada para trabalhar na Casa Militar.

Assumiu, ainda, por cinco anos, a assessoria jurídica da PM, onde conseguiu usar seus conhecimentos adquiridos na formação em Direito. De lá, ela já saiu como tenente-coronel e ficou como subdiretora operacional entre 2022 e 2023. Após esse período e ser promovida a coronel, Marta Renata assumiu a diretoria operacional, sendo promovida logo depois ao subcomando da PM, cargo que ainda acumulou por alguns meses.

A liderança feminina no militarismo

Assumir o comando de uma instituição historicamente masculina é um desafio significativo. A coronel Marta Renata destacou que a importância da presença feminina na Polícia Militar do Acre (PMAC) é relativamente recente, iniciando-se em 6 de outubro de 1985, quando as primeiras cinco mulheres ingressaram na corporação. O governador Gladson Cameli reafirmou seu compromisso com a inclusão feminina ao anunciar a nomeação da primeira mulher ao Comando-Geral da PMAC.

Atualmente, das 2,4 mil vagas na corporação, 260 são ocupadas por mulheres, um número que evidencia sua crescente participação e capacidade de liderança. O fato de uma mulher assumir o cargo mais alto da PM representa não apenas uma conquista individual, mas também uma ruptura histórica em uma estrutura de comando exclusivamente masculina por mais de um século.

Para a nova comandante, sua missão é dar continuidade ao trabalho já desenvolvido, buscando elevar a corporação a um nível de excelência. “Me sinto abençoada por Deus e grata ao governador por acreditar em mim e romper paradigmas. O éthos da corporação é masculinizado, o que é natural, já que a presença feminina na PM começou apenas em 1985. Ao longo da história, tivemos outras coronéis extremamente competentes, mas que não tiveram a mesma oportunidade que estou tendo agora”, ressalta Marta Renata.

 

Redação Semear Notícias. 

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