Microdosagem de LSD: entre promessas terapêuticas e riscos pouco conhecidos

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Pesquisas iniciais indicam que pequenas doses de LSD podem aumentar sensações de vigor e euforia em pessoas com sintomas leves de depressão, em comparação com o uso de placebo. No entanto, os efeitos variam muito entre os indivíduos, o que dificulta a obtenção de resultados conclusivos em ambiente clínico, segundo Harriet de Wit, neurocientista da Universidade de Chicago e coordenadora do estudo.

O interesse no potencial terapêutico da microdosagem tem levado empresas, como uma farmacêutica australiana, a iniciar ensaios clínicos para testar o uso controlado de LSD em casos de depressão profunda e em pacientes com câncer que enfrentam sentimentos de desespero.

Enquanto isso, pesquisas mais robustas sobre os efeitos da microdosagem de psilocibina — substância presente em cogumelos alucinógenos — ainda são escassas. De acordo com um relatório do instituto de pesquisa Rand, esses cogumelos estão entre os psicodélicos mais consumidos. Só em 2023, cerca de 8 milhões de americanos relataram seu uso, sendo que metade deles o fez em microdoses.

Cautela ainda é necessária

Mesmo entre os adeptos, há uma recomendação clara de prudência. Os efeitos de longo prazo da microdosagem em humanos ainda não são bem compreendidos, e há riscos associados ao uso de substâncias não regulamentadas ou mal dosadas, que podem provocar reações indesejadas.

Para ajudar quem opta por essas experiências, a organização sem fins lucrativos Fireside Project oferece apoio telefônico gratuito a usuários durante episódios psicodélicos. Segundo o fundador, Josh White — que utiliza microdoses de LSD e iboga para aprofundar seus próprios processos de autoconhecimento —, muitas pessoas apenas buscam compreender melhor o que sentiram durante essas vivências.

Balazs Szigeti, pesquisador da Universidade da Califórnia em São Francisco, acredita que parte do efeito da microdosagem pode estar ligada à expectativa positiva de quem a pratica. “É como uma profecia que se realiza por si mesma”, explica. Para ele, experimentar pode ser válido — desde que com responsabilidade e abertura para os possíveis resultados.

 

 

Redação Semear Notícias.

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