Do Acre para o mundo! Careca fala sobre sua carreira no futebol

Meia-atacante acreano contou um pouco sobre sua carreira e disse que vai seguir defendendo Gangneung Citizen, time coreano.
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Conheça a história do meia-atacante acreano Careca

Depois de uma primeira experiência de cinco meses no futebol da Coreia do Sul, em 2023, o meia-atacante Raianderson, mais conhecido como Careca, de 30 anos, vai para a segunda temporada defendendo o Gangneung City, da Coréia do Sul.

O acreano renovou contrato para mais duas temporadas e já está com a família na cidade de Gangneung, onde fica localizado o clube.

O início da carreira, momentos marcantes e projeção para a temporada que vai iniciar.

Careca é acreano, cresceu na periferia de Rio Branco, iniciou no futebol nas categorias de base de clubes como Juventus-AC, Vasco-AC, Rio Branco-AC e Atlético-AC até ter a primeira oportunidade no futebol profissional com a camisa do Galvez, em 2015.

Desde então, foi duas vezes campeão acreano pelo Atlético-AC, em 2017 e 2019, e participou da campanha histórica de acesso do Galo Carijó ao Campeonato Brasileiro Série C, em 2017.

Naquele mesmo ano, foi premiado como craque do Campeonato Acreano. Teve passagens por clubes como Nacional-AM, Cruzeiro, onde chegou a integrar o elenco e receber medalha de campeão da Copa do Brasil também em 2017, Perak, da Malásia, e Brasília-DF, antes de seguir para o futebol sul-coreano.

Leia a entrevista:

Como foi a infância na periferia?

“Nasci e me criei no bairro Montanhês. Desde criança passava o dia inteiro numa quadra de areia que tem no Centro da Juventude, que é chamado CEJA. Ia pra escola, voltava e ia pra quadra. Quando não tivesse na aula, estava na quadra. Quem vem de lá sabe que as oportunidades são bem menores. Toda criança tem um sonho de ser jogador de futebol e o meu não era diferente. Então, busquei, lutei, com apoio da minha família, da minhã mãe me ajudando, me levando nos treinos. Meu primeiro clube infantil foi com o Illimani (Suarez), na época do Juventus. Comecei no Juventus, infantil fui pro Vasco-AC, depois fui pro Atlético-AC já juvenil, fui pro Rio Branco-AC juvenil até chegar no Galvez, que foi meu primeiro clube profissional. Aí depois passei pelo Atlético-AC, voltei ao Rio Branco e assim foi minha trajetória (no início) no futebol profissional.” Disse, Careca.

Qual foi o divisor de águas na carreira profissional?

Foto: Arquivo pessoal. Jogador Careca com a blusa do Atlético-AC.

“O que eu falo que meu divisor de águas foi no Atlético-AC como minha carreira profissional com o professor Álvaro (Miguéis), o Elison (Azevedo, ex-presidente do Atlético-AC), o Geison (Morais). Foi um ano em que fiz uma temporada muito boa 2016, o final da temporada, e 2017, que foi uma das minhas melhores temporadas no Acre.” Diz o meia-atacante.

Qual o melhor momento da carreira?

“Tive dois melhores momentos na minha carreira. Foi em 2017, que a gente teve o acesso pra Série C com o Atlético-AC, e 2019, que foi o ano que fui pra Malásia. Logo quando cheguei lá fiz uma temporada muito boa nos meus primeiros seis meses.”

Como foi a passagem pelo Cruzeiro?

“Eu acho que saí (do Atlético-AC) com o dever cumprido. Porque a gente está falando de Cruzeiro. Eu estava num clube de Série D e apareceu a oportunidade pra ir pra um clube de Série A. Acho que quando acontece isso na vida de um atleta, o cara não pode pensar nem duas vezes. E a gente já tinha conseguido o maior objetivo, que era o acesso. Passei um ano no Cruzeiro e sempre falo que serviu muito de experiência. Aprendi muita coisa lá com os caras que joguei, que treinei junto, com o Mano Menezes, que era o treinador na época. Foi um momento muito importante da minha carreira, de amadurecimento.” Afirma o jogador.

Foto: Arquivo pessoal. Careca com Robinho durante treino no Cruzeiro, em 2017.

 

Como foi ser campeão da Copa do Brasil 2017?

“Sempre falo que parece até um sonho. Numa semana estava aqui no Atlético-AC jogando no Florestão e passou mais uma semana estava lá no Cruzeiro treinando com Arrascaeta, treinando com Fábio. Aí passou mais uma semana estava indo pro jogo, olhando pro lado dentro do ônibus está o Fábio, Thiago Neves, o Arrascaeta, só craque. Então, é uma realização de sonho mesmo pra uma criança sonhadora.” Disse o meia-atacante.

Como foi a experiência na Malásia?

“A gente já vinha conversando desde 2018, quando ainda estava no Cruzeiro. Não era a hora na verdade. Voltei pro Acre em 2019, fiz o estadual (pelo Atlético-AC) e a gente continuou conversando com o empresário e ele tentando levar pra Malásia. Acabou que a gente foi campeão estadual 2019 e chegou no momento certo. Ele falou: “agora a gente vai pra Malásia”. E a Malásia foi um divisor de águas na minha vida, foi aonde que consegui ajudar minha família, consegui ter minhas coisas.”

Foto: Divulgação/Perak FA. Meia no Perak, da Malásia, em 2019.

Quais principais diferenças para o futebol brasileiro?

“Na Malásia o que sempre falo é a cultura. Primeiramente a língua porque cheguei lá e não falava inglês, mas com o tempo fui pegando, fiz estudos. E segundo a comida foi uma coisa que a gente sofria bastante. Mas, a partir de dois meses, minha esposa foi e ficou mais tranquilo porque a gente comprava e cozinhava em casa mesmo. Essas duas coisas são pontos assim que a gente ‘sofre’ um pouco. Falando de futebol, futebol na Malásia é um pouco de correria, não tem tanta qualidade, mas sobra em força.”

E a passagem pelo Brasília-DF?

“Fiquei quatro a cinco meses, estava com o Ricardo Oliveira (ex-atacante). Foi um momento muito bom pra mim, de amadurecimento, de aprendizado. Estava um tempo sem jogar porque a gente tinha um projeto na Malásia de naturalização, acabou que não deu certo, fiquei um tempo sem jogar e foi um recomeço pra mim.”

Foto: Arquivo Pessoal. Careca com Ricardo Oliveira durante passagem pelo Brasília-DF.

Como foi a temporada na Coreia do Sul?

“Foram cinco meses muito bons pra mim. Cheguei muito bem, na minha estreia consegui fazer um gol, dar assistência. O futebol da Coreia é correria, pegada, muita força. Acho que consegui alcançar minhas expectativas. Cheguei já querendo fazer gol, jogar bem nos primeiros jogos e, graças a Deus, foi o que aconteceu. A gente teve uma valorização do trabalho, que foi eles chamarem pra renovar o contrato antes do período. Renovamos por mais dois anos, tem algumas conversas pra ir pra outros times, mas agora a gente está na mão dos empresários. Esperar o que vai acontecer, esperar a vontade de Deus.”

Foto: Arquivo Pessoal. Jogador com a camisa do Gangneung Citizen, da Coreia do Sul.

Qual foi o jogo mais marcante positivamente?

“Semifinal da Copa da Malásia. A gente tinha perdido um jogo de 3 a 1 fora de casa e em casa conseguiu ganhar por 3 a 0. Tem outro também que foi o jogo do acesso (à Série C de 2018 – Atlético-AC x São José-RS, Brasileiro Série D 2017). Se colocar na balança, o jogo do acesso tenha sido o primeiro pela importância do jogo e não pelo rendimento em campo.”

Foto: Manoel Façanha/Arquivo Pessoal. Atlético-AC x São José-RS, jogo de volta das quartas de final do Campeonato Brasileiro Série D 2017.

E o jogo que marcou negativamente?

“Acho que o de 2016 contra o Moto Club. A gente tinha tudo pra subir, chegou, fez um bom jogo lá, saiu na frente no placar, empatamos 3 a 3 no Maranhão e chegou aqui no Acre a gente não conseguiu o acesso. Foi um ponto muito triste porque a gente vinha jogando um futebol muito bonito, trabalhando certinho com o professor Álvaro. Tinha tudo pra dar tudo certo, mas não foi da vontade de Deus e aí no segundo ano a gente conseguiu o que era pra ser nosso, já estava escrito.”

Foto: Arquivo Pessoal. Atlético-AC antes de confronto com Moto Club-MA, partida de volta das quartas de final da Série D 2016

E a volta ao futebol acreano no futuro, tem possibilidade?

“Hoje não me vejo. Sempre falo que quero voltar pra cá pra encerrar minha carreira. Tenho vontade de jogar nos clubes que me deram oportunidade, Galvez, Atlético-AC. São clubes que, com certeza, quando tiver no fim da carreira quero voltar a jogar.”

Quais os planos para 2024?

“Meu pensamento é voltar pra Coreia, esperar o que Deus tem pra gente. Se não aparecer nada, a gente tem um contrato lá de dois anos que vamos cumprir e dar o melhor, treinar firme, se esforçar ao máximo pra que a gente faça uma grande temporada em 2024.”

Qual sua mensagem aos jovens sonhadores?

“Que 2024 seja um ano de benção pra todos, pras famílias. Queria falar também pra essa garotada que sonha que tudo depende de você. Se você tem um sonho, como eu tive de sair de um bairro bem periférico, bem humilde, não desista, corra atrás que Deus vai abençoar.” Afirma o meia-atacante, Careca.

NO FINAL, A MAIOR CONQUISTA DO JOGADOR CARECA, É SUA FAMÍLIA!

Assista a entrevista:

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