Por Marcelo Mesquita, colunista esportivo. 13/05/2025
Quando se fala em Carlo Ancelotti, a imagem imediata é de um técnico elegante, tranquilo, com sobrancelhas arqueadas que escondem um cérebro tático privilegiado. Mas há muito mais por trás do homem que assume a Seleção Brasileira em um dos momentos mais desafiadores de sua história recente nas Eliminatórias.
Para muitos, ele é “apenas” o técnico multicampeão do Real Madrid. Para os que conhecem mais a fundo, Ancelotti é um homem do futebol em sua essência, que jogou, sofreu, venceu e aprendeu com os maiores.
O jogador que entendia o jogo antes de executá-lo
Nascido em Reggiolo, na Itália, Carlo Michelangelo Ancelotti Cavaliere foi um meio-campista cerebral. Sem velocidade ou explosão física, compensava com leitura de jogo e liderança silenciosa. Brilhou na Roma nos anos 80, onde conquistou um Scudetto e quatro Copas da Itália. Mas foi no Milan de Arrigo Sacchi que atingiu o auge como jogador: venceu duas Champions League e dois Campeonatos Italianos, integrando uma das maiores equipes da história.
Jogou 26 partidas pela Seleção Italiana, participou da Copa de 1990 e, embora não tenha sido protagonista, absorveu a disciplina e o rigor do futebol europeu daquela época.
A metamorfose em treinador de elite
Ancelotti começou sua carreira de treinador em 1995. Mas foi no Milan (2001–2009) que se tornou gigante. Ali construiu uma equipe histórica com Pirlo, Kaká, Seedorf, Maldini e Shevchenko. Depois, conquistou títulos na Premier League com o Chelsea, na Ligue 1 com o PSG, na Bundesliga com o Bayern, e mais recentemente na LaLiga com o Real Madrid — tornando-se o único técnico a vencer as 5 grandes ligas europeias.
Sua grande força? A capacidade de se adaptar a elencos diferentes sem jamais perder a identidade. É um técnico que não impõe, mas convence. Que não grita, mas transforma.
O estilo que deve levar à Seleção Brasileira
A Seleção vive um momento instável nas Eliminatórias. E Ancelotti chega como símbolo de autoridade, estabilidade e experiência. Seu estilo não é de rupturas. É de evolução e inteligência. Por isso, é natural imaginar que:
Casemiro será peça-chave. Não só por ter sido um de seus homens de confiança no Real Madrid, mas por reunir liderança, leitura tática e espírito de grupo.
Jogadores experientes que atuam na Europa ganharão espaço. Ancelotti confia em atletas que enfrentam rotinas de alto nível competitivo: Vini Jr., Rodrygo, Militão, Marquinhos, Bruno Guimarães, Alisson, entre outros.
Neymar, se estiver fisicamente bem, será bem-vindo. Ancelotti é um amante do talento. Jamais deixaria de contar com um craque dessa dimensão, desde que comprometido com o grupo.
Independência e soberania
Ao assumir o Brasil, Ancelotti carrega consigo algo raro no futebol sul-americano: maior independência. Não aceitará interferência de dirigentes ou pressão midiática para convocações. Ele escolherá quem estiver melhor, quem render mais taticamente, e quem, acima de tudo, estiver comprometido com o projeto.
Esse é o diferencial de um treinador europeu que já domou egos como os de Cristiano Ronaldo, Ibrahimovic, Kaká e tantos outros. Respeito, comando técnico e sensibilidade humana.
Um técnico gigante para uma camisa lendária
Ancelotti entende que o Brasil não é só futebol: é cultura, é paixão, é alma. Mas sua missão é clara: resgatar o equilíbrio entre a alegria e a competitividade. Fazer do Brasil não só um espetáculo, mas uma equipe vencedora — como tantas que ele já comandou.
A Canarinho ganha agora um maestro. Um estrategista silencioso. E, talvez, o homem certo para recolocar o Brasil no topo do mundo.
Colunista/ Marcelo Mesquita.
Analista Esportivo