O número de suicídios entre indígenas no Brasil aumentou 15,5% em 2024, passando de 180 casos registrados em 2023 para 208 neste ano, segundo o relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, divulgado nesta segunda-feira (28) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). A maioria das vítimas é formada por jovens de até 29 anos.
O documento aponta que o crescimento dos casos está relacionado a fatores como vulnerabilidade social, desassistência nas áreas de saúde mental, insegurança alimentar e conflitos fundiários, agravados pela aprovação da Lei do Marco Temporal pelo Congresso Nacional em 2023. A norma, considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), continua gerando instabilidade jurídica e acirramento das tensões nos territórios indígenas.
No Acre, além da preocupação com os suicídios, o relatório destaca o registro de três assassinatos de indígenas em 2024. O estado aparece entre as 14 unidades da federação com maior número de homicídios contra povos originários, ao lado de Alagoas, Paraná e Paraíba. A região abriga etnias como Huni Kuin, Shanenawa, Nukini e Yawanawá, que denunciam pressões recorrentes de garimpeiros, caçadores e madeireiros sobre seus territórios.
Segundo o Cimi, mais de 857 terras indígenas em todo o país ainda aguardam providências para demarcação. Também foram registrados 230 casos de exploração ilegal de recursos naturais e danos ao patrimônio, muitos em áreas já homologadas. As lideranças indígenas afirmam que o atual cenário tem ampliado os conflitos e comprometido o bem-estar das comunidades.