O Acre ocupa a penúltima posição no ranking nacional de recuperação de áreas degradadas, divulgado na última quinta-feira (24) pelo Centro de Liderança Pública (CLP). O levantamento, que utiliza dados do MapBiomas e do IBGE, integra o pilar de sustentabilidade ambiental do Ranking de Competitividade dos Estados.
De acordo com o estudo, o estado conseguiu recuperar apenas 2,02% de suas áreas degradadas, ficando à frente apenas de um estado no cenário nacional. O dado chama atenção especialmente por envolver estados da Região Norte, tradicionalmente associados à preservação da floresta amazônica. As áreas reconvertidas envolvem principalmente terras de uso agropecuário e urbano para formações naturais, como florestas e vegetações nativas.
Para o biólogo e professor de Ecologia da Universidade Federal do Acre (Ufac), Fernando Schmidt, a baixa recuperação é resultado de fatores econômicos e estruturais.
“Vale muito mais a pena conservar do que recuperar, porque os custos envolvidos são extremamente altos. Hoje, para recuperar um hectare de área degradada, o gasto gira entre R$ 25 mil e R$ 30 mil”, explica.
Schmidt também alerta para os impactos ambientais do quadro atual. A baixa taxa de recuperação agrava a perda da biodiversidade, compromete recursos hídricos e aumenta a vulnerabilidade do Acre diante das mudanças climáticas.
“Uma única árvore com copa de 20 metros pode liberar até 1.100 litros de água por dia na atmosfera. Quando substituímos florestas por pastagens, provocamos um grande desequilíbrio no ciclo global da água”, pontua o especialista.
Diante do cenário preocupante, Schmidt defende políticas públicas que estimulem a conservação da floresta como alternativa econômica viável.
“Precisamos implementar urgentemente o pagamento pela conservação da floresta em pé. A floresta deve ser vista como uma poupança ambiental, capaz de gerar benefícios sem necessidade de desmatamento”, finaliza.
Redação Semear Notícias