Animal Não É Presente: Adoção Consciente e os Riscos Da Impulsividade

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Presentear alguém é um gesto de carinho. Mas quando o “presente” é um ser vivo, a responsabilidade ultrapassa qualquer laço afetivo momentâneo. Dar um animal de presente — seja um cão, gato, coelho ou qualquer outro — pode parecer um ato generoso, mas, se feito sem planejamento e responsabilidade, pode acabar gerando abandono, sofrimento e frustração.

 

O Perigo da Impulsividade

Em datas como Natal, aniversários, Dia das Crianças e até em eventos promocionais de adoção, é comum vermos animais sendo dados como se fossem brinquedos. Porém, ao contrário de objetos, animais não vêm com botão de desligar nem aceitam ser esquecidos em um canto quando a novidade passa.

Cães e gatos vivem, em média, de 10 a 20 anos. Ao adotar ou presentear alguém com um pet, está se assumindo um compromisso de longo prazo — de amor, paciência, recursos e tempo. E é justamente a falta de preparo para essa responsabilidade que tem gerado um aumento nos casos de abandono após os primeiros meses.

 

A Realidade no Acre

 

No Acre, a situação é preocupante. Não existem abrigos públicos para animais, e o cuidado com os animais abandonados depende exclusivamente do trabalho de ONGs e protetores independentes, como exemplo, temos a Associação Patinha Carente, Sociedade amor a quatro patas e outros. Esses voluntários enfrentam desafios diários para resgatar, tratar e encontrar lares para os animais abandonados, muitas vezes sem apoio institucional ou recursos adequados.

Além disso, campanhas como o Dezembro Verde têm sido promovidas para conscientizar a população sobre a adoção responsável e combater o abandono de animais. Essas iniciativas buscam alertar que o abandono é crime previsto pela Lei 9.605/98, com penas que podem chegar a cinco anos de prisão.

 

O Custo Invisível de Uma Adoção Irresponsável

A adoção por impulso carrega consequências sérias:

– Abandono em vias públicas ou instituições;

– Problemas de saúde nos animais por negligência;

– Impactos emocionais nos pets, que sentem medo, rejeição e até depressão;

– Sobrecarga das ONGs e protetores independentes, que já enfrentam recursos escassos.

 

Além disso, o abandono de animais é crime no Brasil. A Lei nº 9.605/1998 (Lei de Crimes Ambientais) e a Lei nº 14.064/2020 (Lei Sansão) punem quem maltrata ou abandona com pena de reclusão de até 5 anos, além de multa e proibição da guarda.

Adoção Consciente: Uma Escolha de Amor e Responsabilidade

Adotar é um ato de amor. Mas esse amor precisa ser acompanhado de preparo. Antes de adotar (ou permitir que alguém adote), é essencial considerar:

– A rotina da pessoa ou da família;

– As condições do ambiente físico (espaço, segurança, higiene);

– A capacidade financeira para arcar com ração, vacinas, consultas veterinárias e outros cuidados;

– A disposição para lidar com desafios comportamentais;

– A possibilidade de manter o compromisso por muitos anos.

 

O Papel da Sociedade e das Instituições

Campanhas educativas são essenciais para combater o abandono e promover a guarda responsável. ONGs, clínicas veterinárias, órgãos públicos e a imprensa têm papel fundamental na orientação da população sobre os riscos da adoção impulsiva.

É preciso lembrar: não existe “adoção por emoção”. Existe adoção com decisão, consciência e compromisso.

 

Conclusão: Um Presente Que Vem Com Vida e Responsabilidade

Presentear alguém com um animal não é proibido — mas precisa ser uma escolha conjunta, planejada e orientada. Mais importante do que fazer alguém sorrir ao receber um pet é garantir que esse sorriso permaneça durante toda a vida do animal.

 

Colunista/ Stenio Soares

Advogado e Empresário

 

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