Do esquecimento ao pódio: o Acre que surpreende o mundo

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“Do Acre pode sair alguma coisa boa?”
“De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (João 1:46)
Por Marcelo Mesquita, 14/04/2025
A pergunta feita por Natanael ao ouvir falar de Jesus ainda ecoa séculos depois, agora em outras terras, em outras bocas, mas com a mesma descrença — como se lugares esquecidos pelo progresso estivessem automaticamente condenados ao anonimato.
Se em tempos bíblicos a pequena e desprezada cidade de Nazaré parecia improvável berço do Salvador do mundo, hoje, muitos ainda torcem o nariz quando escutam o nome de um certo estado do Norte do Brasil. “Do Acre pode sair alguma coisa boa?”, perguntariam alguns. E é aí que a história de Ramon Dino começa a se erguer como um verdadeiro milagre da superação.
Nascido em Rio Branco, capital do Acre, Ramon Rocha Queiroz enfrentou todas as adversidades possíveis. O estado, marcado por décadas de abandono estrutural, amarga números alarmantes: em 2023, mais da metade da população (51,5%) vivia na pobreza, segundo dados do IBGE. Em 2024, a renda per capita ficou na casa dos R$ 1.271, uma das mais baixas do país. Em muitos lugares do estado, ainda falta saneamento, estrutura básica e oportunidades reais de mobilidade social. É o tipo de cenário que silencia sonhos antes mesmo de nascerem.
Mas não o de Ramon.
Sem dinheiro para pagar academia, Ramon treinava em praças públicas. Foi com garrafas, barras improvisadas e muita fé que ele começou a esculpir o físico que o mundo viria a admirar. Incentivado pelo professor Marcio Garcia, deu os primeiros passos no fisiculturismo competitivo em 2016. Dois anos depois, já tinha em mãos seu Pro Card — e o mundo começava a notar aquele gigante do Acre.
Hoje, Ramon Dino é vice-campeão mundial do Mr. Olympia (2022 e 2023), campeão do Arnold Classic Ohio e campeão do Mr. Olympia Brasil 2024. Mais do que músculos e troféus, ele carrega uma bandeira invisível: a de que é possível vencer mesmo quando tudo parece impossível.
O Acre, tantas vezes lembrado por piadas ou como símbolo de esquecimento, começa a se tornar também terra de campeões. E não só no esporte. Artistas, empreendedores, professores e médicos têm saído do estado com brilho nos olhos e coragem nos pés. Há vida no Acre. Há talento. Há futuro.
Ramon não saiu apenas de um estado pobre. Ele saiu de uma estatística — e escreveu outra história.
Aos jovens do Brasil, especialmente aos que se sentem invisíveis, sem saída, eu digo: Sonhem. Persistam. Trabalhem duro. E tenham fé. Porque a fé em Cristo não é apenas esperança — é força para continuar quando o mundo parece ter virado as costas.
Jesus saiu de Nazaré e mudou o curso da humanidade. Ramon saiu do Acre e já mudou o curso de sua geração. E você, de onde quer que venha, também pode mudar a sua história.
Porque no fim das contas, do Acre pode, sim, sair coisa muito boa.
Colunista/ Marcelo Mesquita.

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